Captação de Recursos em 2025: Os maiores desafios — e como enfrentá-los
- Elissa Fichtler
- 7 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de jul.
De queda nas doações à sobrecarga das equipes, um panorama realista e estratégico sobre o que esperar da captação este ano e como agir com inteligência institucional.
Introdução
2025 não começou fácil para o terceiro setor. O cenário de instabilidade econômica, polarização política e retração das empresas impactou diretamente a captação de recursos — especialmente para organizações pequenas e médias.
Além disso, muitas equipes continuam operando sob pressão, com pouca estrutura, metas ambiciosas e baixa valorização institucional da captação. Diante desse quadro, é urgente olhar para os desafios com honestidade e inteligência estratégica.

Os principais desafios da captação em 2025
1. Queda na doação individual e concorrência por atenção
O volume de doações pontuais caiu, especialmente entre classes média e média baixa. Há mais campanhas do que atenção disponível.
Solução: Fortalecer doações recorrentes, investir em narrativas potentes e trabalhar a régua de relacionamento com consistência.
2. Falta de estrutura institucional para captação
Captação ainda é vista como "tarefa de uma pessoa" ou uma área isolada. Muitos captadores fazem tudo: eventos, relatórios, comunicação, prestação de contas.
Solução: Integrar a captação ao planejamento estratégico e criar processos mínimos (mesmo com equipe pequena) para garantir continuidade e qualidade.
3. Dependência de editais e patrocínios pontuais
Muitas organizações vivem de um edital por vez, sem saber o que acontecerá no ano seguinte.
Solução: Mapear editais, sim — mas diversificar com campanhas, leis de incentivo, fidelização de empresas e planejamento de longo prazo.
4. Baixa cultura de investimento social em algumas regiões
Fora dos grandes centros, captar com empresas e indivíduos pode ser mais difícil, seja pela desinformação ou desconfiança.
Solução: Fortalecer alianças locais, trabalhar com emendas parlamentares, construir reputação com prestação de contas e parcerias interinstitucionais.
5. Pressão por resultados e pouca escuta
As áreas de captação são cobradas por metas financeiras sem que haja investimento proporcional em comunicação, ferramentas ou equipe.
Solução: Mostrar o custo real de captar. Defender o planejamento como parte do investimento institucional e não apenas um "gasto necessário".
Panorama nacional da captação em 2025
Fontes: IDIS, ABCR, GIFE, Monitor das Doações
53% das ONGs brasileiras afirmam que a principal dificuldade de 2025 será manter os atuais doadores
1 em cada 3 organizações não tem um planejamento formal de captação
Apenas 18% afirmam ter metas claras e alinhadas com a equipe diretiva
Editais institucionais caíram 14% em volume total comparado a 2023
Como virar o jogo: recomendações práticas
Monte uma agenda mínima de captação: o que, quando e como será feito, mesmo que simples
Crie um sistema de registro e análise: Excel, Trello, Notion, o que couber — mas registre
Invista em formação interna: envolva equipe, coordenação e voluntários na cultura de mobilização
Não isole a captação: ela precisa de apoio da comunicação, da coordenação e da governança
Exemplos de superação e inovação
Casa do Beco (MG)
Em 2024, perdeu patrocínio cultural. Criou uma campanha de apadrinhamento comunitário que hoje cobre parte fixa do orçamento.
Coletivo Banquetaço (SP/RS)
Rede nacional que une ativistas de alimentação e conseguiu financiamento coletivo recorrente com apoio de cozinhas locais, parcerias e eventos gastronômicos.
Associação Aliança Empreendedora (PR)
Construiu uma régua de captação institucional com empresas, incluindo relatórios visuais de impacto e eventos de networking com empreendedores apoiados.
Como podemos apoiar a sua organização?
Diagnosticar sua estrutura atual de captação
Criar planos realistas e alinhados ao tamanho e maturidade da organização
Integrar planejamento, comunicação e desenvolvimento institucional
Fortalecer cultura interna de mobilização e sustentabilidade
Para saber mais
Conclusão
Não há fórmula mágica — e tudo bem. A captação de recursos em 2025 exige coragem institucional, foco no planejamento e disposição para inovar mesmo com pouco. Onde há causa, há caminho.
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